A “fortaleza natural da arte”, como alguns autores de séculos anteriores designaram Óbidos, deve muito desse epíteto à riquíssima colecção de pintura que se concentra no interior das muralhas, mas também em algumas freguesias circundantes. Pequenas capelas, igrejas e museus são estruturas que albergam obras que marcam a história da pintura dos séculos XVI e XVII, que convenientemente apelidámos de antigo. As transformações operadas na vila são, ao mesmo tempo, causa e consequência da mudança de mentalidades que a vila sentiu. Começando pelas obras públicas significativas do século XVI que alteraram consideravelmente a vila medieval e que a abriram aos valores do Manuelino e do Renascimento, num espaço condicionado pelas muralhas. Espaços públicos, religiosos e administrativos sofrem profundas reformulações estruturais criando a necessidade do seu património integrado acompanhar essa renovação. Pintura e azulejaria assumem triunfalmente o seu espaço, assentes também num ambiente que atinge o seu auge no século XVII e que alguns autores consideram de autêntica “Corte de Aldeia”. É esta a ocasião em que, pela vila, circularam André Reinoso, Marcos da Cruz, Baltazar Gomes Figueira e Josefa de Ayala e Cabrera. Nestes textos ficam excertos do conhecimento produzido
por vários autores com a devida correspondência em obras publicadas e fáceis de encontrar. Para além disso trata-se de uma continuidade do trabalho desenvolvido pela Associação de Defesa do Património do Concelho de Óbidos que publicou dois cadernos sobre esta temática. De acordo com este contexto optámos por estruturar este pequeno guia dando destaque aos artistas e suas obras e menos à informação de estilos ou períodos de História da Arte. Abrimos ainda a possibilidade de investigações transversais permitindo
aceder à iconografia representada e aos locais de exibição das obras.